quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A Dona da Flor (Conto)

        Por acaso, agora são quase oito da noite de uma segunda-feira. Faz frio o suficiente para me agasalhar por completo, mas não tanto para puxar as cobertas para cima das pernas. Você sabe, é muito bom cobrir as pernas, protegendo-as do tempo maldoso que aparece de vez em quanto. Ainda mais nessa idade avançada na qual tive a sorte de chegar. Nem todos têm essa sorte, você há de concordar comigo. Um exemplo disso é meu último aniversário, que comemorei completamente só, eu e meus botões. Não houve festa, docinhos, nem presentes. É que não tenho mais familiares ou amigos à minha volta, todos já seguiram seus caminhos particulares após essa vida. Acontece. Quando se chega aos noventa e dois anos, se houver algum resquício de lucidez já uma vitória e tanto. Todos que nós conhecemos vão aos poucos deixando a nossa vida mais solitária ao morrer. Não é a coisa mais agradável do mundo. Disso estou certo.
        No momento, estou sentado à máquina de escrever, redigindo bem calmamente o texto nada brilhante que tem em mãos. Você poderia dizer que computadores são melhores e mais modernos e, para mim, este é o maior problema deles. São modernos demais. Conseguem complicar o próprio ato de descomplicar. Penso que seja a hora de esticar as cobertas sobre minhas pernas. Deixo para depois, acredito que posso terminar de escrever e me deitar em paz.
        Tive amigos, há anos atrás, já não tenho há tantos outros. Isso não quer dizer que eu nunca quis encontrar novos companheiros de vida. Quis. O único problema é que aqueles que conviveram por tantos anos ao meu lado são pessoas que não substituiria e manteria viva cada lembrança do que vivemos. É um pensamento um tanto egoísta, não vou negar. Mas preferi assim e assim continuarei. O único ser humano com quem mantenho contato é uma jovem senhora que vem aqui em casa toda semana ajudar-me com certos afazeres domésticos, como compras e limpeza. Não saio de casa para nada, posso acompanhar o sol da janela que tenho no meu quarto. Mas às vezes gosto de sair para um passeio. Mas, de todos que um dia permearam minha vida, ela foi e sempre continuará sendo a mais importante e a eterna divisora de águas. Costumo classificar esses noventa e dois anos em antes e depois dela.
        Naquela época era bem diferente do que é hoje em dia, como você bem sabe. As garotas eram vigiadas pelos pais e era um exercício de paciência namorá-las. A maioria não podia nem sequer botar o pé na rua, que diriam se arrumassem um namorado e, algumas vezes, nem as mais velhas escapavam do terrível e rígido controle paterno. Mas eu lembro como a conheci, e olha que já tem mais de 70 anos.
        Eu tinha apenas quinze anos de idade e nada na cabeça. Minha mãe havia me pedido um favor e não iria me recusar a atendê-lo. Ela poderia ter feito esse mesmo pedido a um dos meus 5 irmãos mas, na condição de filho caçula, sempre caía pra mim a responsabilidade de alguns pequenos afazeres. No meu grande dia de sorte, era dia de ir na quitanda encontrar algumas batatas para que minha mãe pudesse dar prosseguimento ao almoço. E foi quando estava quase chegando ao meu destino, eu a vi. Ela não era da minha cidade, ou parecia que mudara-se há pouco, pois nunca a tinha visto antes. Inconscientemente, torci para que ela houvesse se mudado para ali. Ela parecia ter a minha idade, ou mais nova. Não vou negar, me apaixonei logo que pus meus olhos nela e seus olhos e cabelos escuros, ali de pé em um jardim grande demais para o tamanho da casa, apoiada com os cotovelos no murinho que separava a calçada da casa.
        Meu primeiro impulso foi sair correndo e chegar à quitanda pela outra rua, mas mantive-me firme. Faltavam apenas alguns metros até a porta verde e a placa azul que era onde eu devia chegar, contudo deveria passar pela casa de onde ela fitava a rua. Sisudo e resoluto como só um adolescente tímido pode ser, continuei andando, sem ousar olhá-la de novo. Me prometi isto. E não cumpri. Quando a olhei de novo, meio enviesado, ela havia sumido! Procurei por todos os lados, e, ainda tenso, a vi retornar ao seu posto mais uma vez. Vi também que ela carregava algo em suas mãos. Quando me aproximei da casa, percebi que, para o meu azar, ela me olhava. A essa altura, já havia perdido o controle dos meus globos oculares e, assim que passei junto a ela, um braço imaculado estava estendido para mim e sua mão me estendia uma flor. A dona da flor se foi há 25 anos. E ainda tenho a flor aqui comigo. Estou olhando para ela agora.

sábado, 23 de outubro de 2010

Rush in Rio II

        De repente, abro a página principal do meu perfil no orkut e vejo que há um novo recado esperando para ser lido. Remetente: Vanessa Morani. Assunto: Rush. É de se estranhar, não há dúvidas, uma mulher falando sobre o Rush por vontade própria. Mas, dessa vez, a coisa era séria. Como doce e atenciosa amiga que ela é, no dia da confirmação dos shows (não me lembro a data, deve ter sido em julho), ela prontamente me deixara uma mensagem avisando que o Rush viria ao Brasil, em São Paulo e no Rio de Janeiro. PORRA! RUSH NO BRASIL! Não acreditei, ninguém poderia acreditar. Era improvável demais. Como uma Red Barchetta, voei para o site oficial e lá a pedrada final: Confirmado! Morri.
        Depois de ressucitado, reli umas 2112 vezes (chutando, tipo assim, por baixo) a notícia do site. Era verdade e prometi a mim mesmo que não iria perder esta oportunidade, a de ver meus grandes ídolos bem perto, para ter certeza que são de carne e osso, apesar deles não serem muito humanos. E pior, ouvir aquelas canções sendo executadas na minha frente, canções que me acompanham há anos, que me mostraram e ainda mostram que, um dia, a Música com forma de arte, já teve seus melhores dias, que dificilmente outros virão.
No início, andei desesperado, achando que os ingressos acabariam de uma hora para a outra. Meu amigo e companheiro de banda Vinícius e eu, na afobação compramos os nossos bem no início das vendas e quebramos a cara (e as contas bancárias) pois, além de sobrarem muitos ingressos, os preços caíram drasticamente. Decidimos ir no Rio, pois, São Paulo era muito fora de mão e daqui de Juiz de Fora nem excursão para lá teria. No Rio, o show seria na praça da Apoteose. Hum, Praça da Apoteose. Bonito nome.
        Comprados os ingressos (facada no olho), só restava esperar e fingir que não estava chegando o mítico 10 de outubro. A data se aproximava, mas bem lentamente, e os planos eram feitos. No dia 9 de outubro, Vinicius viria para a minha casa e no dia 10 às 13h, estaríamos dentro da van que partiria para o Rio de Janeiro. Só de lembrar todo o tempo desde o anúncio e o show em si parece que foi mais longo do que realmente havia sido.
        E finalmente, chegou o dia 10. Acordei tenso. Acordei cedo. Acordei com fome. Na verdade foi o Vinicius que me acordou. Tomamos nosso café da manhã em silêncio. Fomos para a sala e lá pusemos o Snakes and Arrows para tocar. Não poderia ter feito coisa pior. A ansiedade subiu feito jato. Almoçamos. E fomos para o lugar marcado pelos organizadores da excursão. Tudo aconteceu assim, pausadamente.
Meu amigo. Mal sabíamos que ao sentar na bendita van, nossos problemas só estariam começando. Duas vans partiram aqui de Juiz de Fora, 29 pessoas, sem contar a moça da organização e o senhor-metido-a-fodão do motorista. Vocês saberão o porque deste apelido para ele. Aguardem.
        Para começar, a van demora a sair pois nem todos estavam lá ainda. Eu queria sair cedo e chegar cedo para pegar um lugar interessante, afinal, eu já ia de pista comum, (é grana é curtíssima, meus caros) já não ia ser aquela maravilha, e ainda chegar tarde... não dá. Partimos eram 13:18, exatamente. Tudo cronometrado para ser publicado no blog em alguma data posterior. Mesmo um pouquinho atrasada, a viagem transcorre numa boa, o motorista fazendo uma média de 120 km/h, chegaríamos lá com uma folga deliciosa. Até que e moça da organização se levanta do seu banco e diz que vamos fazer uma pequena parada pois “alguns ainda não almoçaram”. Bacana. Posto de gasolina com restaurante avistado, paramos. Antes de todos saírem, ela diz: “Parada de meia hora, tá, pessoal?”. Meia hora que pareceria o infinito e além. Na parada, uma outra excursão de JF nós encontramos, e nela um velho amigo que há muito não via: Marcos Henrique. Não espalhem não, mas fui eu quem apresentou o Rush para ele. Virou sua banda favorita. Conversamos muito, botamoso papo em dia e começamos a falar do Rush. E, com isso, mais gente foi se juntando e comumente se ouvia coisas como: Available Light, Counterparts, Moving Pictures, BU2B, Jazz Bass, Neil Peart, Bonecas Barbie no pé do Alex, The Necromancer... Me senti em casa. Juro para vocês. Nunca havia visto tanta gente falando sobre o Rush juntas. Elas falavam a minha língua.
A meia hora passou e fomos para a van. Todos lá dentro, vamos zarpar logo desse posto! Mas calma, calma calma, gente. Algo de errado não está certo. A moça responsável pela excursão ainda não havia voltado, mas ela logo apareceu, dizendo que ia começar a entregar os ingressos. Então, ela começou a chamar o nome dos passageiros e conferir quais eram seus papeizinhos sagrados, aqueles papeizinhos que iam permitir a nossa entrada na Praça da Apoteose. Nome vai, nome vem, ficou gente sem ingresso. Pois é, acabaram os ingressos e ainda tinha gente sem. E rola discussão, palavras agradáveis, nomes feios... e uma hora e meia perdida parados no posto de gasolina. Conseguimos sair de lá pra lá das 15h, depois de saber que os ingressos faltantes haviam ficado em Juiz de Fora. O plano era alguém levá-los de JF para o Rio e lá entregar aos respectivos donos. De volta à estrada, de volta aos 120 km/h, mas torcendo pra passar dos 400.
        No mais, a viagem foi linda. Puseram o DVD do “A Show of Hands” pra galera ir curtindo na viagem, porém a imagem tava horrivel e não queriam deixar o som alto. Resultado: nada se via, nada se ouvia. Mas não estávamos nem aí, veríamos os originais alguns momentos depois. A paisagem era magnífica, sendo que a estrada Rio-Petrópolis continua uma das mais bonitas pelas quais eu já passei. Muitas árvores e muita neblina. Parecia que uma chuvinha ia cair em poucos minutos molhando a estrada e a minha alma. Detalhe: eu não queria que chovesse durante o show, pois uso óculos. Logo, com as lentes molhadas eu não veria absolutamente nada. Quando pingaram os primeiros pontinhos de água do céu, retesei meu peito. Mas, sorte, foram pouco menos de 15 minutos de uma garoa até legal, mas no momento errado.
        Depois de não sei quanto tempo exatamente, uma hora e meia talvez, aterrissamos no Rio de Janeiro, a Cidade “Maravilhosa”. A expectativa foi aumentando e aumentando e a tensão também. Como coisas ruins andam próximas, ouvi uma voz conhecida, e logo percebi que emanava do motorista. Ele dizia algo como:”Errei o caminho, errei o caminho.” Vinicius ouviu aquilo em silêncio, me dizendo segundos depois que só podia ser brincadeira. Não sei como exatamente saímos do caminho mas sei que fomos longe, parando até em Copacabana. Eu nunca tinha ido àquele lugar antes, então, se as circunstâncias não fossem péssimas, eu teria aproveitado melhor a paisagem. Bom, só sei que demos muitas voltas passamos, por alguns lugares várias vezes, até que o gênio-motorista decide parar para perguntar. Uma boa idéia, se ele não tivesse seguido errado as instruções. Vontade de jogar para fora da van e tomar a direção, mas eu sabia menos ainda. A segunda van continuava atras da gente, nos seguindo aonde quer que fôssemos, mas sabe do que mais? O motorista dela sabia chegar na bendita Apoteose, só que de tão perdido que estávamos, até ele esqueceu. Uma hora e meia perdidos no Rio de Janeiro. Foda.
        Até que, inesperadamente surge uma estrutura metálica imensa à nossa esquerda. Era o palco. Logo, aos berros, todos da van reconhecem o nosso tão aguardado destino. O motorista se achando, vira para a esquerda, para irmos para o estacionamento. Para a esquerda errada! Era para ele ter entrado na primeira esquerda, mas ele entrou na segunda. Mas tudo bem, meia hora perdida neste novo processo. Foi muito complicado chegarmosà zona do estacionamento e lá rodamos para achar o lugar.
        Em algum momento que não me recordo muito bem, a van parou, talvez para pensarmos primeiro para onde deveríamos ir em vez de só irmos e descobrir que estávamos errados. Nesta mini-parada, todos escutam uma batida na janela da van. Susto. Alguém está querendo que abram o vidro pois quer falar com a gente. Um cara com um copo meio cheio de cerveja na mão diz que pode nos arranjar um lugar para estacionar, se deixarmos ele entrar. Agora pensa comigo: um cidadão carioca prestativo querendo entrar na nossa van para nos ajudar a estacionar, o que você pensaria. Meu pensamento foi: vou morrer. Pronto. Morrerei sem ver o Rush. Por mais inacrdetável que pareça, a moça da excursão deixou o cara entrar! Caralho, vai todo mundo morrer! Eu já rezava, planejava uma fuga mirabolante, qualquer coisa para não morrer. Tudo bem, o cara não nos assaltou e foi embora sem nos ajudar a encontrar um estacionamento. Mas encontramos sozinhos. Paramos e quando desci eu tava com cãimbras até na alma.
        A primeira coisa que eu pensei ao descer da van foi banheiro. Eu queria urinar desesperadamente e a parede do estacionamento pareceu chamar meu nome. Esses detalhes eu posso esconder. Depois de feito xixi, percebi que Vinicius já estava longe junto com Fabiano, Alan e Angelo, três caras que conhecemos na exursão. O Alan é um cara altamente bacana, ficou perto da gente durante o show e até tiramos uma foto.
        Quando avistamos a Sapucaí de frente e o palco láaaa no fundo, caiu a ficha. Entramos, PORRA! Não acreditei. Vinicius deu uma parada para ir ai banheiro enquanto Angelo, Fabiano e Alan foram entrando. Quando ele saiu da cabine, eu puxei ele num vãobora e fomos correndo. Entramos na Sapucaí. Uau. Era uma baita Avenida. E só para constar, eu dei uma mini-sambadinha, para contar aos meus filhos e netos que, um dia, há muitose muitos anos atrás, papai/vovô sambou na Sapucaí. Não preciso contar a história toda.
        Acreditem agora: apesar de perder tanto tempo, ainda conseguimos chegar 2 horas e meia antes do show e garanti meu lugar na grade, iniciando-se a pior parte. A espera foi demorada. Meu coração ia falhando e voltando a cada minuto que se passava, e passavam lentos ainda, até que, faltando 5 minutos para as 20h, horário marcado para o show, as luzes do palco, todas elas, se apagam. Gritos da platéia, que a essa hora, já era enorme. O video que dá inicio ao show começa e a expectativa aumentae aumenta, pois de tando assistir ao videozinho, eu já sabia quando os meninos iam entrar no palco. E quando eles entraram... “Begin the day with a friendly voice...”, pulei, cantei , vibrei, gritei, cantei, pulei, agradeci a Deus, pulei e cantei por mais um milhão de vezes. Alex, Geddy e Neil ali, a alguns metros da minha cara. Minha banda favorita e a banda mais divertida do mundo. Não acredito até agora e acho que nunca vou acreditar. Porém, o momento de mais incredulidade foi quandocomeçou Subdivisions, minha música favorita de todos os tempos. Quando Geddy começa em seu teclado com o Fá Sustenido, minha mão foi à boca e só conseguia ficar olhando. Durante a primeira estrofe eu não me arrisquei a cantar. Era perfeito demais. Não vou dizer que eu chorei, porque não chorei mesmo, mas quisera ter chorado, para extravasar tudo o que havia dentro de mim. Mas foi quase.
        Uma coisa que eu não gostei muito foi o grande intervalo entre os sets. Foi muito grande, por mais que o que fosse vir depois seria o Moving Pictures de cabo a rabo, que por sinal acabou ultra-rápido. Parece que não houve meio termo entre Tom Sawyer e Vital Signs, apesar de entre elas haver Red Barchetta, YYZ, Limelight, The Camera Eye e Witch Hunt. Pintudice extrema. Tive o prazer de “cantar” YYZ com o resto da Apoteose e ficar muito louco em 2112. Far Cry também foi de matar.
        Maaas, o que eram aquelas labaredas sinistras em Caravan?? Eu senti o calor das chamas na cara bem de onde eu estava, ali, na grade da Pista Comum. Foi assustador e apaixonante, assim como é o Rush e todas as suas músicas. Assustador, pois aqueles senhores são mosntros não só do Rock,mas da música como um todo e apaixonante, isso a banda fala por si só.
                                                        Eu e Vinicius

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Abre a Porta

Corro pra mudar
O que vem pra ficar
Finjo não saber
O porque de não querer
Aceitar e então ver
O melhor acontecer
Me negar e esconder
O que eu tenho aqui dentro

Quero te esperar
mas não quero me levar
E depois sofrer
Por me arrepender
Chorar e não saber
Melhor o que fazer
Cair e me perder
Desencontrar do centro

Eu vou tentando ver o amanhã,
Mas não,
Dessa vez não tem mais volta...

Eu tentei trazer de volta
O que tinha perdido
Mas depois eu vi que nada vai
Juntar o que foi partido

Eu percebi que nada disso vai melhorar
Por mais que eu tente tudo isso sai do lugar
Por que se é isso que importa,
Abre a porta.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Fuga

Acordo,
Há pouco sonhava com sorrisos.
Daqueles sinceros,
Sorrisos abertos,
Sem medos.

Levanto,
O dia amanhece comigo.
Escondido, chuvoso,
Não quer se mostrar,
Ele foge.

Te vejo,
Os olhares tropeçam uns nos outros
Indecisos e incertos
Temendo a chuva,
Eles se tocam.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Road Trippin'

        Olho para o relógio e descubro que não o tenho comigo. Normal, a pulseira daquele objeto arrebentou-se há um tempinho, o que me obriga a pegar o celular para consultar as horas. O tempo, outrora imensurável, recebeu a indigna condição de ser medido. É uma injustiça com o elemento mais influente da humanidade.
        O ônibus está atrasado, já estou proferindo impaciências para minhas colegas de ponto Raquel, Vanessa, Raquel e Isabela. Não tão impacientes como eu, elas simplesmente anseiam em silêncio pelo que virá. E o que está por vir, promete boas coisas. À nossa volta, bolsas também esperam sua vez, e na minha mente, perguntas. Como pode apenas uma garota levar 10 quilos de bagagem para um total de 2 dias de viagem? Expliquem-me. Ou não. Mistério que nem a saudosa Agatha Christie responderia. E eu com minha mísera mochila de cada dia que não chega aos 2 quilos.
        Não sei se foi dito em algum momento, mas estamos viajanto para Viçosa. Lá, esperamos estar presentes no que é chamado Encontro Mineiro de Estatística. Esperamos, pois, da nossa condução, não temos notícias. E como o tempo vai passando, mais gente chegando. Pausa para uma foto. Vanessa Morani foi a fotógrafa. Não sorrio. Vou sorrir para o ônibus quando ele aportar na calçada do MAM e dele pular Lupércio para fazer a chamada. Outros tantos estarão à nossa espera dentro do imenso veículo para, enfim, zarparmos.
        É um longo caminho até Viçosa, talvez mais de 150 quilômetros. É muito chão para um fim de tarde de uma quarta-feira. Mas, a grande aposta da viagem é ver dois lugarezinhos que moram no meu coração e levo comigo a emoção de lá ter vivido. Seus nomes: São Geraldo e Visconde do Rio Branco. Essas cidades fazem parte da minha história e minha infância, jamais me esquecerei disso e tenho a certeza que meus olhos argutos brilharão quando avistarem suas respectivas entradas e nuances. Vai ser daqui a pouco.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Criatividade é uma Arte

        O que você faria se, por um acaso bizarro, não conseguisse ter suas próprias idéias, ou inventar coisas novas, das quais só você possa tirar algum proveito? Entraria em colapso? Pularia no Oceano Índico vestido de Lady Gaga? Ou só copiaria coisas dos outros, daqueles que ainda consegue raciocinar por conta própria? Por motivos óbvios, já sei que a sua resposta seria a última. Mas calma, calma. Na situação explicitada, o tráfico de idéias não é tão ruim quanto na vida real. Vou explicar.
        Descobri uma coisa interessante: as pessoas têm cérebros. Muitas nem usam, mas ainda têm um. Logo, é de se esperar que essas mesmas pessoas utilizem o artigo "intracabeçal" para alguma finalidade, mas elas não usam! É espantoso imaginar isso, não é? Não.
        Pode ter alguém esperto o suficiente próximo a você que vai tentar extorquir todo o material criativo que você ousar criar. Ainda mais se você tiver um blog. Esse cidadão desprovido da massa cinzenta vai criar seus próprios textos (ruins) baseados em idéias já formadas (por você).
        Abra o olho, pois da sua janela você pode ver bem mais que essas pessoas sem identidade, cuja janela da mente é pequena, tal qual o buraco de uma fechadura.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Between Sun and Moon

        De uma coisa você pode ter certeza: por mais planos que você faça para seu futuro, realizará seus sonhos, mas nunca da forma esperada. É como na matemática. Tomando-se dois pontos, há infinitos meios de uni-los. Você pode desenhar uma linha reta e pode ter certeza que é o caminho mais indicado a se seguir e, apesar disso, surgirão parábolas loucas e desviá-lo da rota. Mas, o mais importante, a verdade, você chegará lá.
        Início dramático para uma crônica dramática, devo dizer. A semana que ainda está por terminar lembrava um filme de ação às avessas. Ou talvez a obra de arte do terror, Uma Noite Alucinante. Esta semana tinha tudo para ser um desastre, mas foi o paraíso.
        Como todos sabem, Vinícius e eu fizemos parte de uma banda interessante no início de nossas carreiras musicais, ele baixista e eu guitarrista. Como toda banda há de acabar um dia, não vou me alongar entrando nos méritos dessa discussão agora. Não vale a pena e nem quero lembrá-la. Talvez escreva um roteiro de novela e mandarei rodá-la no México, de preferência. Nos dois anos em que a banda existiu, pouco se fez, muito se planejou. Havia um desleixo gritante por parte dos outros dois integrantes nos impedindo de evoluir, o que nos levou a um tempo de vacas magras, tendo tocado em apenas quatro ocasiões, e nos separamos amargamente.
Três longos anos se passaram desde o divórcio forçado e comemorado, e tendo escrito uma penca de canções desde 2005, surgiu a oportunidade de ouro: O Festival de Música de Além Paraíba. Quando soubemos da realização do tal festival, fomos às nuvens. Era o que ansiávamos há tempos, parecia um sonho. Que se tornou um pesadelo. E que voltou a ser um sonho.
        Extasiados, formamos um plano: Vinicius no baixo e vocal e Arthur, que é irmão do digníssimo baixista, e eu nos violões, uma apresentação acústica. A música escolhida (vão ao festival e ficarão sabendo qual é) era fantástica, uma verdadeira bomba, e no esquema que escolhemos fazer, iria ficar maravilhosa. Eu morando em Juiz de Fora e os outros dois em Leopoldina (eu curso Estatística na UFJF e eles Engenharia de Controle e Automação no CEFET, ou seja, um bando de nerd das Ciências Exatas) tomaríamos as férias para ensaios. Na verdade, tomamos uma semana das férias para ensaios. E acreditávamos que seria o suficiente. Durante essa semana, fui convidado a me hospedar na casa de meu querido amigo e fiquei muito feliz com isso, pois lá é um lugar que me está no coração, bem como seus familiares a quem respeito e admiro.
        Mas, as rosas desapareceram. Vinicius decidiu abandonar o microfone. Como encontrar um novo vocalista em apenas 7 dias? Sorte, meus amigos. Quando Arthur estudava em um cursinho Além Paraibano, fez aulas de Matemática com um rapaz que já havia cantado muito por aí. Parecia a solução ideal. E era mesmo. Além de cantar bem, ele tem uma ótima presença e nos trouxe um baterista a tiracolo. Ele só nos deixou com a pulga atrás da orelha ao chegar alguns minutos atrasado, o que nos fez ter uma lembrança sombria do nosso antigo amigo vocalista.
        Passado o susto, o ensaio foi ótimo, apesar da timidez que expelíamos. Nesse dia tivemos a presença sublime de um outro amigo nosso, Rafael, que, após os ensaios, ele, Arthur e eu tocamos muitas pérolas da música nacional. E após os ensaios tivemos conversas contundentes a respeito do rumo que o ensaio tomou. Primeiramente ficamos entusiasmados por ter de volta uma bateria na banda. Pode ser bonito e tudo, mas acústico, só com cordas, cansa. E a bateria dá uma nova vida às músicas, deixando-as mais imponentes. Passado o entusiasmo, nos vimos em um dilema épico: nos falta tempo para ensaiar direitinho com a bateria. Tristes abatidos, resolvemos deixar a música como estava, só violões e baixo mesmo e o sonho da bateria ficaria para a próxima. Fomos dormir desapontados. Acordamos no outro dia e decidimos zerar Jurassic Park, um jogo fodão do Super Nintendo. Jogamos um dia inteiro. E não zeramos.
        Chegamos à quarta-feira, Leitores. Dia da minha partida para Sapucaia e, de lá, para Juiz de Fora. Depois de uma estadia magnífica e momentos sublimes, era hora de partir. Mas antes, haveria um último ensaio para repassar as mudanças e logo em seguida fazermos nossa inscrição no Festival. Mas havia uma fogueira acesa e, no último momento, remarcamos o ensaio com a bateria. Ficou marcado para as 19h, e eu pretendia que o ensaio acabasse até as 21:30h para que eu pudesse pegar o ônibus das 22h para Sapucaia. Mas adiantarei que só peguei o ônibus das 7:30 da manhã seguinte.
        Vou começar a agora a parte épica da nossa aventura. Ligamos mais cedo para Felipe, para marcarmos um papo. Até a hora dele chegar minha bateria, que faz o violão funcionar ligado, acabou. Chique que nós somos compramos por telefone uma nova a mandamos trazê-la via motoboy. Felipe chegou, e com ele, Rafa, sua digníssima amiga, de muito boa alma, e que teve paciência com a gente. E nessa hora, ficou “reacertada” a entrada da bateria na canção ganhadora do Festival. E nisso era 18:02h, quando ele se foi, levando nossos amplificadores e dizendo que estaria às 19h em ponto nos esperando na ponte de Jamapará para nos levar à casa de Alexandre, até então, nosso desconhecido baterista. Chegamos a ponte por volta das 19:05h, Artur, Vinicius e eu com nossos instrumentos, nos enfurnamos no banco de trás do Palio de Felipe e partimos para a glória.
        Chegamos a uma casa suntuosa. Eu fiquei impressionado, era uma casa realmente bonita e grande. Paramos o carro na subida da garagem e Felipe tocou a campainha, pois era o único conhecido ali. Descarregamos tudo, um peso dos infernos e entramos na casa. Lá havia um cão que se apaixonou pelo Vinicius, mas essa história de amor fica para outro dia. Depois de já termos entrado, veio o dono da casa dizendo que Alexandre não morava mais lá. Legal, né? Lá moravam os pais dele. Bom, acho que ele realmente morou lá, mas havia se mudado para mais para frente, em uma casa amarela Agradecemos a educação e hospitalidade com que nos receberam e carregamos o equipamento de volta para o carro. Nisso,já são 19:19h. A gente não contava que poderia a situação piorar, mas, ao sair da descida da garagem de ré, o carro agarra em um buraco incrível. Pronto, acabou o ensaio de hoje. Vamos chamar o guincho, polícia, bombeiros tudo para tirar o carro da cratera em que se enfiou. Isso foi o que eu pensei. Graças a Deus meus amigos são calmos. E o buraco nem era tão digno dos adjetivos que lhe atribuí. Descemos todos do carro para não pesar muito, e Vinicius decidiu calçar as rodas do carro com pedras para que fizesse uma rampa e, assim sair do maldito rombo no chão. O pára-choque ficou um pouco danificado e 19:32h estávamos indo para o ensaio de verdade agora.
        Achamos a casa de Alexandre, depois de uma pequena busca. Ele havia dito por telefone enquanto estávamos na casa de seus pais, que deixaria as janelas abertas para podermos identificar seu lar. E mesmo assim não conseguimos. Demos a volta, e agora encontramos. Fomos recebidos por mais dois cachorrinhos latindo e subimos uma escada até um salão enorme. Fiquei boquiaberto com o esquema preparado lá. Parecia um estúdio de verdade. Haviam três pedestais de microfones esperando por nós e uma quantidade de aplificadores absurda. E no centro de tudo, como se as outras coisas convergissem para ela, a bateria dourada. Ela ainda estava sem os pratos, mas era linda. E seu dono se fez conhecer. Alexandre é realmente um cara gente boa. Tranquilo e centrado, demonstrou segurança e habilidade além do comum enquanto montávamos o novo arranjo para a canção. Havia lá também um amigo dele e de Felipe, o Werley. O cara é fera. Ajudou a gente a bolar coisas para o arranjo e deu idéias muito legais. Virou nosso produtor e estava tão empolgado quanto nós, loucos para saber onde aquilo tudo ia dar. Sentamos para tocar e já tínhamos passado a música umas 10 mil vezes até às 20:30h e havia muito pela frente. Eu estava quieto, pois uma dor de cabeça me pegou pelo caminho, pouco depois de chegarmos à ponte e entrarmos no carro do Felipe e não estava me sentindo bem. Mantive as pontas e segurando a dor, conseguimos levar o ensaio até o final apoteótico, com solos de baixo, meu violão distorcido no seu próprio solo e tudo. Só a última corda, a “mizinha” estava com problemas de captação, mas já levei o violão para o mecânico, e hoje o reaverei, que me custou 48 reais de mão-de-obra. Espero que volte bom mesmo! Marcamos um outro ensaio para uma semana depois, que se completa amanhã e estou empolgado mais uma vez.
        Terminado o ensaio fomos para casa. Felipe, gentilmente, nos cedeu uma carona até a casa do Vinicius. Porém, ao fazer a última curva antes de chegar ao nosso destino, pensei por um segundo que o nosso destino é que havia chegado até nós. Felipe entrou rápido na curva e um carro vinha em sentido contrário, também em alta velocidade. Por alguns centímetros não houve uma colisão fatal, pois Felipe puxou o carro para a direita e sentimos um solavanco e o carro sendo levantado pelas rodas do lado direito. Subimos na calçada e ainda por cima quase acertamos um poste. Como havia dito Felipe após a nossa quase-passagem-para-o-lado-de-lá, radical! Não poderia terminar melhor a nossa noite, onde quase tudo o que planejamos saiu ao contrário, mas sempre para melhor.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Boa Notícica: Festival em Além Paraíba

        Minha semana começou ótima, como há muito não me lembrava. Foi um começo de semana digno de Paraíso. Você pode achar exagerada minha reação, normal, tendo em mente que você não sou eu e ainda não sabe o motivo da minha felicidade. Para ser sincero, acho que sabe, pois o título da postagem me entrega e só percebi agora. Pra não perder a piada, deixarei como está, pois preguiça tenho de mudar o nome lá em cima.
        Pois bem. O grande motivo da minha alegria improvável foi a confirmação do Festival de Música de Além Paraíba. Há anos não acontecia um festival musical lá, onde novos compositores e bandas podem mostrar seu trabalho e concorrer a um prêmio. Vinicius e eu (para que não sabe, Vinicius meu melhor amigo e protagonista da postagem anterior) andávamos torcendo para que criassem festivel naquela cidade logo, ansiosos que estávamos para mostrar ao grande público nossas pequenas obras-primas. Tudo bem, é só uma música por banda, então que seja uma música dele. Afinal, ele entende melhor de composições do que eu!
        E o segundo motivo, mas não menos importante, são os show do Rush no Brasil em outubro. Serão 2 shows, um em São Paulo e outro no Rio, 8 e 10, respectivamente. Não preciso falar mais nada, né?
Ah, eles tocarão Presto!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Lembranças de Um Passado Recente

        Tem dias em que é muito difícil não lembrar o passado e, definitivamente, não o querê-lo de volta. É muito natural que desejemos tal coisa, em especial se a parte desejada que exigimos de volta às nossas vidas, seja velhas amizades. Mas amizades de verdade, não conhecidos de outros carnavais, pessoas que chegam e vão, que de vez em quando a vemos e chamamos descompromissadamente as chamamos de amigões, sem nenhum pudor. Esses não contam, nem valem a pena serem citados aqui.
Meus amigos verdadeiros do passado são muito poucos. E isso é bom. Não quero ter um milhão de amigos (para isso, teria que ter mil contas do Orkut...piada), mas que cada amigo verdadeiro meu conte por um milhão de "conhecidos". Meus amigos são o motivo deste texto e não preciso dizer quais são. Eles sabem, eles sentem. E fazem falta.
        Quantas vezes não quis sentar e tocar umas boas e antigas músicas com alguns deles? Fazendo um luau estranho numa cozinha espaçosa, numa mesa de madeira, com potes atuando como uma bateria improvisada? Quis, quero e vou querer ainda. Quantas vezes não viramos a noite com uma garrafa de rum aberta e finalizada, entremeando assuntos diversos e confissões inesperadas. Baralhos? Apostas? Imagem e Ação? Isso faz falta. Até mesmo uma pelada no fim da tarde contra os alunos da 5º série (da qual ganhamos misericórdiamente de 1 a 0, gol do Conrado... e olha que estávamos em pleno 2º ano! Mas um detalhe: eram 15 crianças contra a gente...não vale!).
        São tantos anos de cumplicidade que eu custo a me lembrar de muitas coisas. Mas aos poucos tudo (ou quase nada) volta. Ah. Essa é bizarra. Na terceira série, o Gabriel e eu pertencíamos a uma agência de detetives fictícia, na qual só havíamos nós de integrantes. Mas, na quinta série o Vinícius fez prova e entrou, mas logo a fechamos por falta de verba e casos para encontrarmos a solução. Então Vinícius e eu arrumamos na sexta série, uma nova profissão: projetistas.
        Projetamos um total de um carro durante o período de trabalho da empresa, que foi um dia. Foi nesse dia que ele passou lá em casa pela primeira vez e também fui a sua casa e lá criamos uma coisa maravilhosa. Maçã com leite condensado! Uma mistura interessante que de tempos em tempos faço para meu próprio deleite. O carro? Não sei por onde anda o carro protejado, mas sei que ele deu um trabalho danado, por isso abandonamos a empresa.
        Lembro também de um planejamento que fizemos para zerar o jogo Jurassic Park do Super Nintendo. O jogo era grande, enorme, tinha muitos prédios para entrar e matar dinossauros, e cada uma dessas construções tinham coisas escondidas que precisávamos sempre encontrar. O jogo não era salvável, ou seja, a cada ligada do videogame o bendito do jogo voltava ao início. Para resolver este impasse desanimador, tivemos a brilhante idéia de comprar uma cartolina e fazer a planta da Ilha Nublar e uma cartolina para cada prédio e instalação. Teríamos que anotar cada corredor e cada objeto nele encontrado, e até o número de dinossauros. Tenso. Nunca iniciado e muito menos concluído.
        Nós nem sempre fomos bons em iniciar e dar cabo de um empreendimento, Vinícius e eu. Mas teve um dia que deu aparentemente certo nosso trabalho árduo. Só que nesse dia esteve presente Raphael José, um grande amigo desaparecido (não literalmente) e Artur, o irmão do Vini. O Artur, aliás, está em todas. O que fizemos dessa vez? Construir uma arena de vôlei de praia embutida num campinho de futebol de areia. Tudo começou numa viagem que fizemos ao sítio da avó do Vini, e lá ficamos por uma semana, creio eu. Ali dentro do sítio havia um lugar ideal para fazer algo assim, só que havia muito mato atrapalhando, cobrindo toda a areia. Juntamos força de vontade e, num sábado e domingo, capinamos aquilo tudo. Foi cansativo e de muita sorte não termos arrancado um pedaço do pé com as enxadas. Deu trabalho mas ficou uma belezura! Aí, no domingo à tarde, desbravamos uma mata que por ali jaz para cortarmos uns bambus fortes onde pudéssemos pendurar as redes e fazer as mini-balizas. Feito isso, despusemos os bambus nos lugares dos mastros e pegamos a rede. A rede era um negócio engraçado. Até hoje não faço a mínima idéia de onde ela surgiu e eu sempre achei que ela fosse de pesca, mas não era. A de pesca era uma que eu e meus primos fizemos, mas aí é outra história. Pois terminado todo o trabalho no domingo à tardinha, batemos uma pela inesquecível: Eu e Raphael contra Artur, Vinícius e José Paulo, o pai do Vini e Artur. Foi memorável, só não lembro o placar (mas que eu e Raphael demos um banho, demos!).
        Se eu fosse contar mais coisas, iria precisar de muitos anos, por isso, paro aqui. Mas sempre haverá lembranças para nos fazerem desejar o passado de volta.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sabe que eu não sei?

        O que é Inferência Bayesiana? A inferência bayesiana é um tipo de inferência estatística que descreve as incertezas sobre quantidades invisíveis de forma probabilística. Incertezas são modificadas periodicamente após observações de novos dados ou resultados. A operação que calibra a medida das incertezas é conhecida como operação bayesiana e é baseada na fórmula de Bayes. A fórmula de Bayes é muitas vezes denominada Teorema de Bayes (copiado descaradamente do Wikipédia..).
        Se você me perguntasse isso aí em cima, eu não iria te responder. Não iria nem tentar, só para não passar a vergonha natural de se meter a dizer o que não se sabe. Nem mesmo se você não soubesse porra nenhuma de Estatística. Não ia. Ponto.
        Para felicidade geral da Nação Estatística, nosso professor de inferência bayesiana não consegue ensinar absolutamente nada da própria matéria. E olha que estamos bem em cima do meio de período. Provas? Pra quê?! Ele mesmo não deve ter feito alguma para ser efetivado como professor! Não é justo aplicar uma na gente também. Aliás, estou no meio da aula agora, e ele acabou de citar um tal de Intervalo de Confiança. E meu intervalo de confiança em relação a ele é zero!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Rowan digitava feneticamente. Ele era rápido e conseguia escrever perfeitamente sem nem ao menos dirigir os olhos para o monitor. Cada nova tecla era uma martelada no teclado. Se você quisesse perguntar alguma coisa ao pobre moleque não ia conseguir; a concentração toda dele era para o aparalho que por ora o divertia. Podia passar horas ali, sem tomar um gole de água ou comer alguma coisa, sem ver os amigos ou falar com alguém. Pelo menos, pessoalmente.
No momento, discutia em algum chat sobre alguma coisa sobre a qual nem vale a pena falar sobre. Mas era uma discussão suave, tranquila, e a garota do outro lado parecia ser muito interessante. O apelido que ela usava era betty032.
- Onde você mora? - perguntou Rowan, muito interessado.
- Em Georgetown...por que?
- Pensei que poderíamos nos encontrar, sei lá, nos conhecer melhor... o que acha?
- Acho que é uma idéia fantástica! Posso ir na sua casa, se preferir...
Rowan agora se achava um sujeito de sorte. Uma garota provavelmente bonita
- Claro, claro! ´Pode chegar lá pelas 17:00. Estarei pronto.
- Só tem uma coisa... preciso do endereço...
- Ah, é!
- Ah, é perto. Chego aí bem rápido. Me espere.
- Estarei esperando.
E Rowan lhe deu o endereço. Bairro, rua e número. Tudo detalhado; a casa amarela do lado da padaria. Não tinha erro.
Por ainda ser bem cedo, o garoto resolveu arrumar alguma coisa para comerem enquanto estiverem por ali. Mas não fazia idéia do que. Alguma coisa rápida, quase instantânea de se preparar. Uma pizza! Ele correu para o telefone e buscou o número de alguma pizzaria, já anotado de alguma ocasião anterior. Pôs o aparelho no ouvido e discou. Chamou três vezes até alguém atender.
- Pizza Max, o que deseja?
Pedido feito, só restava esperar. Para o tempo passar com mais dignidade, tomou um banho e se arrumou por completo e fez até a barba rala, não escondendo a ansiedade. Deixou-se cair no sofá da sala para aguardar. Menos de 20 minutos depois de se sentar,a campainha tocou. É ela!
Rowan correu para a porta e a abriu. O que viu o desapontou. Era um homem não mais baixo do que ele com uma feição beirando a impaciencia. Pensou que era pizza. Mas não havia moto de entregas ali fora. Era engano, então.
- Posso ajudá-lo? - Rowan fez a cara mais simpática e menos ansiosa que pôde.
- Claro, vamos entrando.
- Ei, como assim! - Mas ao dizer isso já estava sendo empurrado para dentro por um cano de revólver que brotou das roupas do sujeito - Quem é você?
- Eu? Betty032.
E o mundo de Rowan tombou.
O homem o foi escoltando até o quarto mais fundo da casa,lá trancou a janela e fechou as persianas.
- O que você quer comigo? - o menino estava desesperado e tremia como uma britadeira humana. Faltava pouco para começar a chorar. Agora não faltava.
- Eu não quero nada com você, está me estranhando? Estou te trancando aqui só para sua morte ficar não ficar efevidente por mais tempo - betty032 falou e riu.
- Você vai me roubar também?
- É claro que sim! Você acha que eu vou ganhar alguma coisa com a sua morte?
- Então pra que me matar?
- Para não deixar testemunhas, lógico. Senão me denunciam.
- Então porque não usou uma máscara? - a pegunta saiu esganiçada e molhada.
- Gosto de respirar - o homem puxou o ar - e de matar também.
Ele tirou o casaco com o qual escondia a arma e o jogou no chão.E pistola tinha cara de já ter matado muita gente. Era prateada e não muito grande.E tinha silenciador.
- Gostou?
- Na verdade não.
- Imaginei. Onde fica o dinheiro?
- Por que te contaria? Você vai me matar de qualquer forma.
- Eu posso muito bem te matar e procurar.
- E se não encontrar nada?
- Nód dois demos azar então.
E o silêncio se mostrou. Por não muito tempo. A campainha tocou mais uma vez.
- Quem é, garoto?
- E eu vou saber?
- Então vamos ver. Você fica aí, se você se mexer mato você e quem estiver lá fora. Vai querer ser responsável por isso? Eu não gostaria.
O homem se mandou para a porta do quarto e descobriu que ela não tinha chave.
- Tive uma idéia melhor. Vamos pro banheiro.
Betty032 pegou Rowan pelo braço e saiu do quarto. A porta do banheiro não ficava longe, e a vantagem é que ficava de frente para a porta de entrada da casa e não tinha janelas. A campainha tocou mais uma vez.
- Fica aí, bem quieto. Senão... - apontou a arma para a cabeça cabeluda do menino e este fechou os olhos de pânico.
Antes de a campainha soar uma terceira vez a porta foi aberta. O homem estranhou o que viu. Um entregador de pizzas.
- Olá, sua pizza chegou. Você me deve 19,50.
Betty pensou uns instantes.
- Claro! Entre e deixe-a em cima da mesinha ali.
O entregador entrou e depositou o pacote onde foi estipulado. A porta atrás de si se fechou.
- Ei, o que é isso? - antes de completar a frase, havia uma pistola apontada para o meio do seu crânio quase calvo.
- Isso? É uma arma. E ela faz barulho.
O entregador estava atônito. Provavelmente nunca passara por uma situação daquelas. E esperava sair vivo.
- Você não é o dono dessa casa, certo? - o entregador gaguejou.
- Porque, não posso ter uma casa bonita dessas? - ao dizer isso, um som de batidas veio da porta do banheiro. O entregador entendeu tudo.
- Você, vem comigo - betty chamou o entregador e com ele foi à cozinha. Nas gavetas procurar alguma coisa para amarrar o entregador e, por fim,encontrou corda de varal em uma das gavetas. Olhando firme para o homem de uniforme, mandou-o sentar numa cadeira. Amarrou com tanta firmeza que não iria conseguir sair sozinho. O entregador não era um sujeito de força física, por isso achou melhor não oferecer resistência. Depois de amarrá-lo, betty pegou uma faca e botou-a no bolso traseiro, e puxou a cadeira até a sala.
- Não se mexa - disse betty
- Isso é uma piada?
- É - por fim, calou-lhe a boca com uma fita.
Betty foi até o banheiro e destrancou a porta. Rowan estava pálido.
- Vai me dizer onde está o dinheiro ou não?
- Senão...?
-Aquele homem vira um alvo.
O entregador bufou mudo. Ainda tinha esperanças daquela faca ser para cortar a corda.
- Duvido. Vai deixar suas impressões digitais na faca.
- Está duvidando mesmo?
- Não. O dinheiro está numa caixa em cima da geladeira. Devem ter uns 3 mil dólares lá.
- Muito obrigado. E deu um tiro na cabeça de cada um.
Betty foi até a cozinha, subiu numa cadeira para pegar o dinheiro e guardou-o no bolso. Limpou as impressões digitais das gavetas, das duas cadeiras e da faca, pegou a pizza e saiu da casa, 3 mil dólares mais rico.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ser importante

Sabe o que é a porra de uma dor no pescoço? Não, você não sabe. E, se sabe, foda-se. A arte de colocar dois palavrões na mesma linha de um texto, com sentido lógico, é p'ra poucos. Ainda mais com a porra de uma dor no pescoço.
Já tentei deitar de todos os jeitos possíveis, dar golpes de caratê no pobre coitado, xingá-lo, mexer com ele de um lado pro outro e nada. Como fariamos mais afoitos, procurei até no Google alguma cura mágica. Um análgesico ajudaria, mas não sentir dor e continuar ferrando meu pescoço não é honroso. É, o pescoço é importante.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Uma Nova Pista

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