terça-feira, 29 de junho de 2010

Lembranças de Um Passado Recente

        Tem dias em que é muito difícil não lembrar o passado e, definitivamente, não o querê-lo de volta. É muito natural que desejemos tal coisa, em especial se a parte desejada que exigimos de volta às nossas vidas, seja velhas amizades. Mas amizades de verdade, não conhecidos de outros carnavais, pessoas que chegam e vão, que de vez em quando a vemos e chamamos descompromissadamente as chamamos de amigões, sem nenhum pudor. Esses não contam, nem valem a pena serem citados aqui.
Meus amigos verdadeiros do passado são muito poucos. E isso é bom. Não quero ter um milhão de amigos (para isso, teria que ter mil contas do Orkut...piada), mas que cada amigo verdadeiro meu conte por um milhão de "conhecidos". Meus amigos são o motivo deste texto e não preciso dizer quais são. Eles sabem, eles sentem. E fazem falta.
        Quantas vezes não quis sentar e tocar umas boas e antigas músicas com alguns deles? Fazendo um luau estranho numa cozinha espaçosa, numa mesa de madeira, com potes atuando como uma bateria improvisada? Quis, quero e vou querer ainda. Quantas vezes não viramos a noite com uma garrafa de rum aberta e finalizada, entremeando assuntos diversos e confissões inesperadas. Baralhos? Apostas? Imagem e Ação? Isso faz falta. Até mesmo uma pelada no fim da tarde contra os alunos da 5º série (da qual ganhamos misericórdiamente de 1 a 0, gol do Conrado... e olha que estávamos em pleno 2º ano! Mas um detalhe: eram 15 crianças contra a gente...não vale!).
        São tantos anos de cumplicidade que eu custo a me lembrar de muitas coisas. Mas aos poucos tudo (ou quase nada) volta. Ah. Essa é bizarra. Na terceira série, o Gabriel e eu pertencíamos a uma agência de detetives fictícia, na qual só havíamos nós de integrantes. Mas, na quinta série o Vinícius fez prova e entrou, mas logo a fechamos por falta de verba e casos para encontrarmos a solução. Então Vinícius e eu arrumamos na sexta série, uma nova profissão: projetistas.
        Projetamos um total de um carro durante o período de trabalho da empresa, que foi um dia. Foi nesse dia que ele passou lá em casa pela primeira vez e também fui a sua casa e lá criamos uma coisa maravilhosa. Maçã com leite condensado! Uma mistura interessante que de tempos em tempos faço para meu próprio deleite. O carro? Não sei por onde anda o carro protejado, mas sei que ele deu um trabalho danado, por isso abandonamos a empresa.
        Lembro também de um planejamento que fizemos para zerar o jogo Jurassic Park do Super Nintendo. O jogo era grande, enorme, tinha muitos prédios para entrar e matar dinossauros, e cada uma dessas construções tinham coisas escondidas que precisávamos sempre encontrar. O jogo não era salvável, ou seja, a cada ligada do videogame o bendito do jogo voltava ao início. Para resolver este impasse desanimador, tivemos a brilhante idéia de comprar uma cartolina e fazer a planta da Ilha Nublar e uma cartolina para cada prédio e instalação. Teríamos que anotar cada corredor e cada objeto nele encontrado, e até o número de dinossauros. Tenso. Nunca iniciado e muito menos concluído.
        Nós nem sempre fomos bons em iniciar e dar cabo de um empreendimento, Vinícius e eu. Mas teve um dia que deu aparentemente certo nosso trabalho árduo. Só que nesse dia esteve presente Raphael José, um grande amigo desaparecido (não literalmente) e Artur, o irmão do Vini. O Artur, aliás, está em todas. O que fizemos dessa vez? Construir uma arena de vôlei de praia embutida num campinho de futebol de areia. Tudo começou numa viagem que fizemos ao sítio da avó do Vini, e lá ficamos por uma semana, creio eu. Ali dentro do sítio havia um lugar ideal para fazer algo assim, só que havia muito mato atrapalhando, cobrindo toda a areia. Juntamos força de vontade e, num sábado e domingo, capinamos aquilo tudo. Foi cansativo e de muita sorte não termos arrancado um pedaço do pé com as enxadas. Deu trabalho mas ficou uma belezura! Aí, no domingo à tarde, desbravamos uma mata que por ali jaz para cortarmos uns bambus fortes onde pudéssemos pendurar as redes e fazer as mini-balizas. Feito isso, despusemos os bambus nos lugares dos mastros e pegamos a rede. A rede era um negócio engraçado. Até hoje não faço a mínima idéia de onde ela surgiu e eu sempre achei que ela fosse de pesca, mas não era. A de pesca era uma que eu e meus primos fizemos, mas aí é outra história. Pois terminado todo o trabalho no domingo à tardinha, batemos uma pela inesquecível: Eu e Raphael contra Artur, Vinícius e José Paulo, o pai do Vini e Artur. Foi memorável, só não lembro o placar (mas que eu e Raphael demos um banho, demos!).
        Se eu fosse contar mais coisas, iria precisar de muitos anos, por isso, paro aqui. Mas sempre haverá lembranças para nos fazerem desejar o passado de volta.