quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Rowan digitava feneticamente. Ele era rápido e conseguia escrever perfeitamente sem nem ao menos dirigir os olhos para o monitor. Cada nova tecla era uma martelada no teclado. Se você quisesse perguntar alguma coisa ao pobre moleque não ia conseguir; a concentração toda dele era para o aparalho que por ora o divertia. Podia passar horas ali, sem tomar um gole de água ou comer alguma coisa, sem ver os amigos ou falar com alguém. Pelo menos, pessoalmente.
No momento, discutia em algum chat sobre alguma coisa sobre a qual nem vale a pena falar sobre. Mas era uma discussão suave, tranquila, e a garota do outro lado parecia ser muito interessante. O apelido que ela usava era betty032.
- Onde você mora? - perguntou Rowan, muito interessado.
- Em Georgetown...por que?
- Pensei que poderíamos nos encontrar, sei lá, nos conhecer melhor... o que acha?
- Acho que é uma idéia fantástica! Posso ir na sua casa, se preferir...
Rowan agora se achava um sujeito de sorte. Uma garota provavelmente bonita
- Claro, claro! ´Pode chegar lá pelas 17:00. Estarei pronto.
- Só tem uma coisa... preciso do endereço...
- Ah, é!
- Ah, é perto. Chego aí bem rápido. Me espere.
- Estarei esperando.
E Rowan lhe deu o endereço. Bairro, rua e número. Tudo detalhado; a casa amarela do lado da padaria. Não tinha erro.
Por ainda ser bem cedo, o garoto resolveu arrumar alguma coisa para comerem enquanto estiverem por ali. Mas não fazia idéia do que. Alguma coisa rápida, quase instantânea de se preparar. Uma pizza! Ele correu para o telefone e buscou o número de alguma pizzaria, já anotado de alguma ocasião anterior. Pôs o aparelho no ouvido e discou. Chamou três vezes até alguém atender.
- Pizza Max, o que deseja?
Pedido feito, só restava esperar. Para o tempo passar com mais dignidade, tomou um banho e se arrumou por completo e fez até a barba rala, não escondendo a ansiedade. Deixou-se cair no sofá da sala para aguardar. Menos de 20 minutos depois de se sentar,a campainha tocou. É ela!
Rowan correu para a porta e a abriu. O que viu o desapontou. Era um homem não mais baixo do que ele com uma feição beirando a impaciencia. Pensou que era pizza. Mas não havia moto de entregas ali fora. Era engano, então.
- Posso ajudá-lo? - Rowan fez a cara mais simpática e menos ansiosa que pôde.
- Claro, vamos entrando.
- Ei, como assim! - Mas ao dizer isso já estava sendo empurrado para dentro por um cano de revólver que brotou das roupas do sujeito - Quem é você?
- Eu? Betty032.
E o mundo de Rowan tombou.
O homem o foi escoltando até o quarto mais fundo da casa,lá trancou a janela e fechou as persianas.
- O que você quer comigo? - o menino estava desesperado e tremia como uma britadeira humana. Faltava pouco para começar a chorar. Agora não faltava.
- Eu não quero nada com você, está me estranhando? Estou te trancando aqui só para sua morte ficar não ficar efevidente por mais tempo - betty032 falou e riu.
- Você vai me roubar também?
- É claro que sim! Você acha que eu vou ganhar alguma coisa com a sua morte?
- Então pra que me matar?
- Para não deixar testemunhas, lógico. Senão me denunciam.
- Então porque não usou uma máscara? - a pegunta saiu esganiçada e molhada.
- Gosto de respirar - o homem puxou o ar - e de matar também.
Ele tirou o casaco com o qual escondia a arma e o jogou no chão.E pistola tinha cara de já ter matado muita gente. Era prateada e não muito grande.E tinha silenciador.
- Gostou?
- Na verdade não.
- Imaginei. Onde fica o dinheiro?
- Por que te contaria? Você vai me matar de qualquer forma.
- Eu posso muito bem te matar e procurar.
- E se não encontrar nada?
- Nód dois demos azar então.
E o silêncio se mostrou. Por não muito tempo. A campainha tocou mais uma vez.
- Quem é, garoto?
- E eu vou saber?
- Então vamos ver. Você fica aí, se você se mexer mato você e quem estiver lá fora. Vai querer ser responsável por isso? Eu não gostaria.
O homem se mandou para a porta do quarto e descobriu que ela não tinha chave.
- Tive uma idéia melhor. Vamos pro banheiro.
Betty032 pegou Rowan pelo braço e saiu do quarto. A porta do banheiro não ficava longe, e a vantagem é que ficava de frente para a porta de entrada da casa e não tinha janelas. A campainha tocou mais uma vez.
- Fica aí, bem quieto. Senão... - apontou a arma para a cabeça cabeluda do menino e este fechou os olhos de pânico.
Antes de a campainha soar uma terceira vez a porta foi aberta. O homem estranhou o que viu. Um entregador de pizzas.
- Olá, sua pizza chegou. Você me deve 19,50.
Betty pensou uns instantes.
- Claro! Entre e deixe-a em cima da mesinha ali.
O entregador entrou e depositou o pacote onde foi estipulado. A porta atrás de si se fechou.
- Ei, o que é isso? - antes de completar a frase, havia uma pistola apontada para o meio do seu crânio quase calvo.
- Isso? É uma arma. E ela faz barulho.
O entregador estava atônito. Provavelmente nunca passara por uma situação daquelas. E esperava sair vivo.
- Você não é o dono dessa casa, certo? - o entregador gaguejou.
- Porque, não posso ter uma casa bonita dessas? - ao dizer isso, um som de batidas veio da porta do banheiro. O entregador entendeu tudo.
- Você, vem comigo - betty chamou o entregador e com ele foi à cozinha. Nas gavetas procurar alguma coisa para amarrar o entregador e, por fim,encontrou corda de varal em uma das gavetas. Olhando firme para o homem de uniforme, mandou-o sentar numa cadeira. Amarrou com tanta firmeza que não iria conseguir sair sozinho. O entregador não era um sujeito de força física, por isso achou melhor não oferecer resistência. Depois de amarrá-lo, betty pegou uma faca e botou-a no bolso traseiro, e puxou a cadeira até a sala.
- Não se mexa - disse betty
- Isso é uma piada?
- É - por fim, calou-lhe a boca com uma fita.
Betty foi até o banheiro e destrancou a porta. Rowan estava pálido.
- Vai me dizer onde está o dinheiro ou não?
- Senão...?
-Aquele homem vira um alvo.
O entregador bufou mudo. Ainda tinha esperanças daquela faca ser para cortar a corda.
- Duvido. Vai deixar suas impressões digitais na faca.
- Está duvidando mesmo?
- Não. O dinheiro está numa caixa em cima da geladeira. Devem ter uns 3 mil dólares lá.
- Muito obrigado. E deu um tiro na cabeça de cada um.
Betty foi até a cozinha, subiu numa cadeira para pegar o dinheiro e guardou-o no bolso. Limpou as impressões digitais das gavetas, das duas cadeiras e da faca, pegou a pizza e saiu da casa, 3 mil dólares mais rico.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ser importante

Sabe o que é a porra de uma dor no pescoço? Não, você não sabe. E, se sabe, foda-se. A arte de colocar dois palavrões na mesma linha de um texto, com sentido lógico, é p'ra poucos. Ainda mais com a porra de uma dor no pescoço.
Já tentei deitar de todos os jeitos possíveis, dar golpes de caratê no pobre coitado, xingá-lo, mexer com ele de um lado pro outro e nada. Como fariamos mais afoitos, procurei até no Google alguma cura mágica. Um análgesico ajudaria, mas não sentir dor e continuar ferrando meu pescoço não é honroso. É, o pescoço é importante.

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