quinta-feira, 20 de abril de 2023

Depois de Muito Tempo

Um dia ainda vou entender o por quê de ter criado esta página. Me recuso a chamá-la de blog. Não gosto de trazer palavras estrangeiras para meu idioma nativo, nunca gostei. Imagina se volta e meia fôssemos conversar e eu soltasse coisas meio inglês, meio português durante o diálogo? Mas entendo que, hoje, é inevitável. Não há como não falar mouse para falar daquele aparato de mexer setinhas no computador, nem deixar de fazer um check-up quando você faz 35 anos e seu médico deseja, apenas por garantia, confirmar se realmente você está em dia com sua saúde. Muito específico.

Um dia criaram o Scanner e, ato contínuo, criou-se o verbo escanear (termo desconhecido para o Microsoft Word 2016, que me sugeriu escancear e escanar no lugar. Em 2016 já existiam Scanners e seu ofício muito bem conhecido). 

Ou, uma outra situação, mais genérica. É sábado e você, tomando uns drinks naquele bar alternativo, pouco movimentado numa quinta-feira, ao som de rocks obscuros da década de 1980 e rolando o feed do Facebook em busca de algo mais interessante do que debatem as pessoas ao seu redor, falando  mais alto do que a música que escapam distorcidas do precário sistema de som. Você vê a postagem (atente: verbo postar, filhote do verbo to post...) daquela pessoa por quem desenvolveu um crush um tanto caótico, apesar dela ser um pouco fitness demais para o seu gosto soturno, noturno de coturno. A mensagem te distrai quando alguém grita selfieao seu lado e mal da tempo de fazer aquele sorriso fake que em geral você faz não-quer-tirar-foto-mas-já-que-está-ali no momento em que o flash da câmera que fez a foto quase tirou-lhe a capacidade de enxergar. Quando volta os olhos cintilantes para a tela do próprio celular deseja nunca mais ficar online na vida. É claro que não dá certo, pois cinco exatos três minutos depois de colocar o aparelho no bolso e tomar o ultimo gole da bebida amornando à sua frente, você está digitando mais uma vez ashketchumdacidadedepallet para ter acesso ao seu vício tecnológico de sempre. Sim, essa é sua senha. 

Consegui ficar bem ficar bem deprimido escrevendo toda essa cena. Resumindo: crianças aprendam Língua Portuguesa.

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